Por tanto tempo procurei
A causa do meu fascínio
Que tinha forma, cor e relevo
Atraía minha indiscrição
Somada ao mundo das ideias
De um coração subvertido
ao diferente.
O precioso e irritante tempo
Copulou com a insegurança
Parindo o que de mais delicado
Já li saindo daquelas páginas
É impossível não gerir
Uma cri(a)ção da obsessão
Que essa doença me traz
Tão delicado que se não
Achar a resposta nas pílulas
Quebra e vira um montinho rosa
De fascínio e atração
Tão delicado, sensível, visível
Se não fosse eu abandonava
Mas é, e me dói.
(2015)
As Voltas de Vênus
domingo, 5 de abril de 2015
sábado, 21 de março de 2015
Mártir
Essa arte é suja que só
Emporcalha a alma
E existe pra causar dor
Arte chula, colorida, cruel
Usa angústia nossa e torpor
Como barriga de aluguel
Ô, meu bem, não faz assim, não
Não me entregue sofrimento, não
Não abusa do meu coração
É que pra sua arte não sei dizer não
Menino dócil
e seu masoquismo espiritual
que em seu ócio
sublima arte ácida e mortal
(2015)
Emporcalha a alma
E existe pra causar dor
Arte chula, colorida, cruel
Usa angústia nossa e torpor
Como barriga de aluguel
Ô, meu bem, não faz assim, não
Não me entregue sofrimento, não
Não abusa do meu coração
É que pra sua arte não sei dizer não
Menino dócil
e seu masoquismo espiritual
que em seu ócio
sublima arte ácida e mortal
(2015)
terça-feira, 10 de março de 2015
Ordem
Um crime não avaliado antes do julgamento
para que pudessem ter em suas consciências,
as almas solitárias, condenadas a navegar pelo tormento,
por vezes tirando a vida de muitos.
(2012)
para que pudessem ter em suas consciências,
as almas solitárias, condenadas a navegar pelo tormento,
por vezes tirando a vida de muitos.
(2012)
Amante Espiritual
Em meus mais secretos sonhos,
lá tu estás.
Escondido e risonho,
mas sempre a me cuidar.
Tenho medo que me deixes,
que tire de mim vossa graça,
que o desespero me beije
e que de mim só sobre as traças.
A alegria de criá-lo,
ó, amante espiritual,
transforma-se em regalo
para o meu medo irracional.
Hoje com vós estou,
me entregando a teu amor,
pois apenas teu louvor
liberta-me da minha dor.
E aqui de vós me despeço,
com muita dor no coração,
mas peço que não me negue
o amado dom da criação.
(2011)
lá tu estás.
Escondido e risonho,
mas sempre a me cuidar.
Tenho medo que me deixes,
que tire de mim vossa graça,
que o desespero me beije
e que de mim só sobre as traças.
A alegria de criá-lo,
ó, amante espiritual,
transforma-se em regalo
para o meu medo irracional.
Hoje com vós estou,
me entregando a teu amor,
pois apenas teu louvor
liberta-me da minha dor.
E aqui de vós me despeço,
com muita dor no coração,
mas peço que não me negue
o amado dom da criação.
(2011)
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Releitura do clássico dos 70's: Ziggy Stardust
Resolvi fazer umas interpretações pessoais das músicas de um dos melhores álbuns dos anos 70: The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars. Ainda estou pensando se farei uma linha temporal entre os contos ou seguirei as letras mesmo, mas tem tempo até lá.
A primeira é uma das minhas favoritas: Ziggy Stardust. A letra, pra quem não conhece (que pecado!), é:
Jamming good with Weird and Gilly
And the spiders from Mars
He played it left hand
But made it too far
Became the special man
Then we were Ziggy's band
Ziggy really sang
Screwed up eyes and screwed down hairdo
Like some cat from Japan
He could lick 'em by smiling
He could leave 'em to hang
Came on so loaded man
Well hung and snow white tan
So where were the spiders
While the fly tried to break our balls
Just the beer light to guide us
So we bitched about his fans
And should we crush his sweet hands?
Ziggy played for time
Jiving us that we were voodoo
The kids were just crass
He was the nass
With God given ass
He took it all too far but
boy could he play guitar
Making love with his ego
Ziggy sucked up into his mind
Like a leper messiah
When the kids had killed the man
I had to break up the band
Ziggy played guitar
A qualidade do som definitivamente não é das melhores, mas essa apresentação é a clássica de 73, nela dá pra perceber toda a magnificência desse que foi, em minha opinião, o melhor personagem que Bowie criou. Sua presença de palco e interpretação da música, o clima, os fãs... tudo me arrepia nesse vídeo. Espero que dê pra ver este Ziggy no conto :)
Ziggy tocava guitarra
Arrasava junto com o Weird e o Gilly
E "as Aranhas de Marte"
Ele era canhoto
Mas foi longe demais
Virou o cara do momento
E aí viramos a banda do Ziggy
O Ziggy cantava pra valer
Revirava os olhos e desmanchava o penteado
Como um gato japonês
Ele os lambia com sorrisos
O os deixava pra lá
Chegava com tanta pompa
Bem dotado e sem bronzeado
E onde estavam as aranhas
Quando a mosca tentava acabar com a nossa coragem?
Apenas o luminoso da cerveja a nos guiar
Então reclamamos de seus fãs
E devíamos esmagar sua doces mãos?
Ziggy tocou muito tempo
Nos dizendo que éramos uns abutres
A molecada era grosseira
Ele era o máximo
Com o traseiro que Deus lhe deu
Ele levou tudo muito a sério, mas
Cara, como ele tocava guitarra!
Fazendo amor com seu ego
Ziggy se fechou na sua própria mente
Como um Messias leproso
Quando os garotos mataram o cara
Eu tive que acabar com a banda
Ziggy tocava guitarra
E aqui o conto, boa leitura! :)
"Que
eles nunca leiam isso, mas nós éramos pura mediocridade.
Não tocávamos,
não cantávamos, não sabíamos cativar. Só o que fazíamos era juntar o som de
três instrumentos e fingir que estava harmonioso. O The Rats nunca poderia ir
para frente, tínhamos a plena consciência disso. Talvez quiséssemos sucesso,
como toda bandinha de garagem quer, mas no final das contas, era simplesmente
divertido tirar um som com os caras. Antes dele,
era sim.
Um de nossos companheiros tinha derrubado um dos pratos da bateria mais uma vez quando ele surgiu na nossa porta. Prendemos a
respiração por uns momentos, afinal, quem é que sabe o que se passa na cabeça
de um marciano de ressaca?
- Que
barulho é esse? – foi a primeira frase que ele nos disse, soando atordoado,
talvez com dor de cabeça. Porém, não parecia incomodado. Na verdade, seus olhos
denotavam certo fascínio pelos instrumentos que segurávamos. Nunca entenderei o
que aconteceu naquela tarde, mas ele pediu para que eu tocasse minha guitarra
e, no momento seguinte, reproduziu todos os meus movimentos com a perfeição de
um profissional.
Ele analisou
Mary, a guitarra, por alguns instantes e então fez o som mais estranho que já
ouvira na vida. Ele disse que era assim que os anéis de Saturno soavam. Sendo
bem honesto, eu quase chorei com aquele riff perfeito e inovador – talvez hoje
eu possa entender o fascínio que as pessoas têm por ele, pois a primeira vista,
aquele cara é um deus.
Seu nome
era Ziggy Stardust e ele era um alienígena.
Segundo
a lenda, ele caiu na Terra com sua espaçonave – que por sinal, encontra-se
flutuando no céu do centro da cidade até hoje – e desde então ficou, aprendendo
e desenvolvendo suas habilidades sociais humanas. Todos os veículos de notícia
estavam falando sobre ele, sobre seu corpo alto e rosado, sobre seus poderes,
sobre seus cabelos cor de fogo.
Não sei
bem em que parte de sua aventura ele se encontrava quando o encontramos na
sarjeta numa noite. Pelo visto, o álcool terrestre tem o mesmo efeito no
organismo alienígena. O levamos para minha casa e o deixamos dormir na garagem. Ele dormiu por três dias inteiro. E naquela tarde, acordou.
A partir
daquele dia, não éramos mais os The Rats, uma bandinha de garagem qualquer. Nos
tornamos os Spiders from Mars e Ziggy era nosso vocalista. Além de tocar a
guitarra mais insana que qualquer terráqueo já ouviu. Nada se igualava ao som
que fizemos naquela época, até hoje não sei como aquele marciano conseguiu
compor músicas tão inéditas e, ainda assim, tão terrenas. Ele falava sobre tudo
o que via aqui, sobre as garotas que iam em nossos shows e sobre as meias que
usavam, sobre a televisão, sobre as brigas que ouvia no quarto ao lado. Tudo isso
com a sua guitarra frenética tocando “os sons do espaço”. Não tínhamos muito o
que fazer com os outros instrumentos, então só tentávamos acompanhá-lo. Ele ficava
feliz com o resultado, na maioria das vezes.
Ziggy sabia
que não precisava de nós. Todos nós sabíamos. Mas ele parecia ter criado uma
espécie de elo. Elo estranho e desajeitado, pois não fazia questão de mantê-lo
muito forte. Na verdade, às vezes parecia fazer questão de quebrá-lo. Ziggy era
difícil de conviver e os jornais e revistas apenas dificultavam o fato de que tínhamos que lidar com seu ego.
- Eu
não preciso de vocês. – ele nos disse uma vez, com uma naturalidade que quase
teria me chocado... se eu não soubesse que era verdade. O olhar que os outros dois membros trocaram emanava desconforto e eu tive que fazer algo para remediar a
situação. Eu sempre remediava a situação.
- Que
isso, Ziggy, nós somos as Aranhas – eu soava inseguro e até meio débil,pois
como eu disse: quem é que sabe o que se passa na cabeça de um marciano?
- Estão
mais para as Moscas – folheou uma revista com uma enorme foto sua, com
indiferença – E eu, a Aranha, devoro todos vocês.
Apesar disso,
ele não era de todo ruim. Ou talvez eu que tentasse ver muito fundo em sua
índole, procurando por qualquer resquício de bondade. Ele não podia fazer esse som incrível e ser uma pessoa tão asquerosa como aquela que estava se tornando.
"Ziggy Stardust and the Spiders from Mars" era o título da manchete de um jornal que sempre líamos. A partir daquela publicação, a situação tornou-se insustentável; ela foi a ruptura definitiva do nosso elo com ele. Éramos agora a banda do Ziggy e ele era a estrela. O astro rei. Ziggy raramente dirigia a palavra a algum de nós, parecia que só falava com seu ego. Quando alguém se aproximava dele, tudo o que ouvia era palavras afiadas e grosseiras. Talvez não por mal, mas porque ele não achava que devia gastar seu tempo conosco... Eu não o entendia muito bem.
E talvez esse tenha sido um ponto crucial para eu não notar o que os outros dois membros da banda estavam tramando. Eu queria ver bondade em Ziggy, mas eles enxergavam apenas o pior. E quando eu menos esperava, o encontrei morto em seu quarto. Os outros Aranhas já tinham partido há tempos e eu fiquei lá, meio aliviado meio consternado.
Os tempos de Spiders from Mars não me fazem muita falta, não. Talvez Ziggy me faça um pouco, mas é algo que dá para lidar. A banda acabou após isso, é claro, afinal sem Ziggy, sem Aranhas. E no final ele estava certo: éramos apenas moscas presas em sua teia"
(2015)
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
a ciência explica até o que a ciência não explica: como saber que algo é louco.
O fóton é uma
coisinha pequena e sem massa que ilumina nosso mundo. Sem ele nós provavelmente
nem existiríamos, veja só. Ele se comporta como onda, mas quando os cientistas
tentam medir seu comprimento, ele começa a se comportar como partícula. E por
esta razão, com nosso atual conhecimento, nós não conseguimos entender
completamente o dito cujo. Uma coisa louca é como o fóton: se comporta de forma
imprevisível.
Mas na grande maioria
das vezes, sejamos honestos, apenas chamamos algo de louco, pois não o
entendemos completamente. Não ainda. E é nessa hora que devemos incorporar o
método científico e tentar compreender seja lá o que estamos nos deparando,
antes de julgar errônea ou precipitadamente. Viu, só? Todos nós podemos ser
cientistas.
(2014)
(2014)
a ciência explica até o que a ciência não explica: o que são lágrimas.
Nesse nosso mundo de
meu-deus, existe uma força chamada nuclear forte e é ela que mantém as
partículas do núcleo dos átomos unidas. Ela é simplesmente a coisa mais forte de
todo o universo. Mais forte até que a gravidade (quem é gravidade no rolê das
forças, não é mesmo?). Porém, existe uma outra força chamada nuclear fraca e
ela ocorre em algumas excepcionais ocasiões quando está cancelando os efeitos
da força nuclear forte, fazendo o núcleo dos átomos se desprenderem. É isso que
causa a radioatividade.
Chorar é como um
efeito da força nuclear fraca. Às vezes, até a coisa mais forte do universo se
despedaça e se esparrama em sua vida... na forma de lágrimas. A bem da verdade,
somos todos radioativos. Ponto para o Imagine Dragons.
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